“Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes” – Albert Einstein
17 de dezembro de 2018Reuniões remotas: como gerir as interações em videoconferências e aulas ao vivo para que elas sejam eficientes
15 de junho de 2020Era meados de março de 2020. Todos nós fomos entrando gradativamente em distanciamento social por conta da pandemia de coronavírus. Não podemos dizer que não sabíamos o que estava por vir, porque o cenário em outros países, como os da Europa, apontava para o que chegaria até o Brasil. O que parecia muito distante, infelizmente chegou.
As incertezas pairavam no ar. O prazo em que deveríamos nos distanciar socialmente não era certo. As organizações, escolas e universidades precisaram suspender as suas atividades presenciais e se adaptar à nova realidade: trabalho remoto e ensino remoto.
Então, com o objetivo de não prejudicar o calendário escolar ou universitário, além das atividades de treinamentos e capacitações corporativas, a maioria das instituições, tanto as de ensino quanto as organizações, adotaram o ensino emergencial mediado por plataformas digitais. O ensino remoto se tornou o principal caminho para a manutenção das aulas e treinamentos.
Ensino online x ensino remoto
O ensino online é uma modalidade da educação à distância em que se pressupõe a aplicação de atividades síncronas e assíncronas, mediadas por tecnologia e desenvolvidas à partir de um planejamento específico, com métodos pedagógicos e técnicas aplicadas para que os objetivos de aprendizagem sejam alcançados.
É importante dizer que as atividades que as instituições adotaram em meio à pandemia podem ser nomeadas como ensino remoto emergencial, ou seja, uma alternativa para enfrentar a crise e, como dito, não prejudicar o calendário de atividades dos alunos. Esta modalidade se assemelha à educação à distância apenas porque utiliza alguma tecnologia para que as aulas aconteçam. Porém, a metodologia e os princípios pedagógicos continuam sendo aqueles adotados no presencial. Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs), por exemplo, são utilizados apenas como repositórios de materiais para serem acompanhados pelos estudantes ou para entrega de atividades desenvolvidas pelos alunos.
Como oferecer ensino online e otimizar os processos neste momento?
A maioria dos professores está trabalhando duro para se adaptar a este momento e desenvolver as aulas de forma criativa. É importante que se tenha em mente que estes profissionais, em sua maioria, não ministravam aulas online anteriormente. O desafio é grande para todos.
Então, para caminhar para um ensino online, as instituições devem incentivar seus professores a aprenderem e a utilizarem recursos e ferramentas digitais interativas, além de oferecer capacitações e mentorias para que eles, de fato, apliquem métodos e técnicas específicas para o ambiente online, proporcionando uma melhor experiência de ensino-aprendizagem para todos.
A instituição de ensino pode, também, criar centros de suporte ao docente, com especialistas em ensino à distância e incentivo ao compartilhamento de boas práticas, recursos, experiências e metodologias. A mentoria e acompanhamento dos professores pode fazer parte deste centro de suporte, desenvolvendo, ainda, pesquisas constantes juntos aos docentes e aos alunos. Assim, não somente o professor terá uma ideia de como está seu método de ensino para melhorá-lo continuamente, como os gestores poderão intervir de maneira mais rápida em casos de necessidade, para apoiar o aprendizado do aluno.
É preciso lembrar, também, daqueles alunos que possuem alguma dificuldade de aprendizagem ou de acessibilidade, requerendo atenção especial. Por isso, o conteúdo desenvolvido e os recursos devem levar em conta tais necessidades e o centro de suporte ao docente pode auxiliar o professor a projetar abordagens específicas, com materiais visuais, auditivos, dentre outros.
Outro fator que merece atenção é a busca por recursos que atendam às necessidades específicas de práticas e experimentações, como softwares de simulação para aproximar as experiências que aconteceriam em laboratórios presenciais, ou mesmo que atendam àqueles alunos com alguma deficiência.
Por fim, é interessante que a instituição mantenha e incentive a interatividade entre os alunos. E, por isso, além das atividades estudantis, pode criar opções de eventos online para que a comunidade continue a se conectar.
E quando existe falta de recursos pelos alunos e o ensino remoto continua sendo a única opção?
A instituição de ensino ou organização precisa compreender a realidade de acesso aos recursos por parte de seus alunos, avaliando se eles possuem a tecnologia necessária para aprender remotamente. Uma saída, por exemplo, à falta de equipamentos é o que aconteceu em uma escola particular da minha cidade: ela emprestou os tablets da disciplina de informática para aqueles alunos que não possuíam uma máquina própria e que não poderiam adquirir um rapidamente.
Para aquelas famílias que quiçá possuem o acesso à internet em casa, a instituição pode desenvolver uma rede de apoio, formada por pais e outros membros da comunidade e, por meio desta rede, compartilhar materiais de estudo impressos e vídeos de pequenas aulas pelo whatsapp do responsável, fazendo com que tudo chegue até o aluno e ele continue estudando.
A escolha pelo melhor caminho
Muitas instituições estão lidando muito bem com o ensino remoto, aprendendo e testando modelos que poderão caminhar para um ensino online futuro. Outras não tiveram tanto sucesso, por falta de direcionamento, de recursos ou de ambos. É verdade, porém, que todos estão em busca de alcançar a excelência no ensino, seja ele presencial, remoto ou online.
A fase das mudanças abruptas que geraram o aprendizado não foi e continua não sendo fácil, mas ela oferece às instituições a experimentação e a oportunidade de inovar, além de conhecer e testar na prática (mesmo que forçadamente) outras modalidades de ensino que poderão contribuir para novos projetos e caminhos assim que a crise passar.
Artigo publicado no site do OBSERVATÓRIO DA COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL.
Imagem: Foto de Julia M Cameron no Pexels.