Pandemia, isolamento social, e ainda assim, lá está a bendita palavra “produtividade” batendo à sua porta. Esses dias, vi uma pessoa comentar em um post que já acorda trabalhando, com uma expressão de felicidade, e uma chuva de comentários de outras pessoas dizendo que faziam o mesmo (gente! tudo bem a felicidade por trabalhar, eu também sinto, viu! O ponto crítico, para mim, é o “acordar trabalhando”.). Uma amiga me mandou um áudio extenso para reclamar que, além de não ter mais horário – toda a equipe estava trabalhando até tarde indiscriminadamente (e este não era o “normal” para eles), ainda tinha que cuidar da casa e das tarefas da escola da filha. E uma das palavrinhas, tema deste post, afinal apareceu na fala de outra amiga: “meu chefe é um workaholic e agora sou obrigada a ser também”. O mundo cobrando mais um pedacinho do seu tempo. Trabalhar mais. Alta produtividade. Será mesmo preciso?
No Essencialismo, aprendemos o conceito de “menos porém melhor”, defendido por Greg McKeown. De acordo com ele, esta é chave para realizações significativas e uma vida mais equilibrada. E é nisto que venho baseando minhas decisões e meu dia a dia, principalmente no que diz respeito ao equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional (mamães entenderão os dilemas aqui vividos!).
Uma das coisas que compreendi, nos últimos tempos, é que eu sou uma apaixonada pelo trabalho e não uma viciada no trabalho (constatação que me deu uma certa paz!). A pandemia me entregou alguns desafios, e um deles foi buscar equilibrar ainda mais esta balança.
Mas você sabe a diferença entre um viciado pelo trabalho e um apaixonado pelo trabalho?
Elas são muito gritantes e, ao mesmo tempo, a linha que separa as duas é tênue. Afinal, é algo pessoal, que depende de um autoconhecimento muito grande. Olha só. O viciado em trabalho possui uma motivação externa, podendo ser dinheiro [única e exclusivamente o dinheiro, este é o ponto!] ou até mesmo uma fuga de outras responsabilidades e áreas de sua vida pessoal que acaba negligenciando [exemplo: “eu não posso cuidar da minha saúde porque eu trabalho demais”; “não posso visitar meus pais porque preciso trabalhar”; “o meu par perfeito tem que entender que o trabalho vem primeiro”]. É estressado (apesar de uma expressão de felicidade – falsa, sabemos, afinal se preocupa com o externo, né), além de se sentir consumido pela rotina. Dorme e acorda pensando nisso.
Já o apaixonado pelo trabalho tem uma motivação interna, na realização e na felicidade em construir algo, em gerar movimentos e transformações. Se sente produtivo e não negligencia outras áreas da vida, apesar da alta dedicação ao trabalho. Se sente de fato realizado. [Até a definição é mais simples, percebe?].
Eu quero lembrar que trabalhar duro é bem diferente de trabalhar muito. Ter sucesso não tem a ver com o número de horas que você fica trabalhando [apesar de algumas pessoas acharem isso]. E que trabalhar muito não quer dizer que você trabalha de forma eficiente. As diferenças entre vício e paixão também esbarram nisso.
Por ser tênue a linha que separa as duas coisas, é preciso tomar um certo cuidado com a influência aqui nas redes sociais, da tal produtividade exarcebada e aí, de repente, você se vê buscando coisas que nem faz sentido para você porque achou que a foto da pessoa que acorda trabalhando era o modelo a ser seguido. Nem tudo se encaixa, nem para mim e nem para você. Assim também é a maneira como se leva a relação com o trabalho.
Sigo na busca pelo equilíbrio entre pessoal e profissional. Maternidade e empreendedorismo por si só já se constituem uma mistura bombástica (as mamães empreendedoras vão concordar!). É preciso muita paixão e o famoso propósito [outro termo para se tomar cuidado e ter bom sendo quando surgir por aqui].
Alguns dias preciso de um puxão de orelha para parar de trabalhar? Sim! Outros tendencio em fazer mais do que é preciso? De fato! Mas com certeza me considero uma Worklover.
E você? É um(a) workaholic, um(a) worklover ou está em um processo de transformação?